quarta-feira, 29 de junho de 2016

Cesar Barros

Cesar Barros , irmão do Alexandre Barros , Interlagos , 1981

segunda-feira, 27 de junho de 2016

VESPAS DA PIAGGIO DESEMBARCAM NO MERCADO BRASILEIRO

Eduardo Laguna | De São Paulo

Pelas mãos de um representante local, a Piaggio, fabricante das charmosas vespas italianas, está desembarcando no Brasil com um plano de negócios que prevê a abertura de concessionárias nos maiores mercados e o início da produção local de seus scooters num prazo de nove a doze meses. 

Até o fim do ano, duas marcas do grupo - Vespa, de estilo retrô, e a homônima Piaggio, de design moderno - começam a ser importadas da Itália, com comercialização, inicialmente, numa concessionária na zona sul da capital paulista. Depois disso, entre os locais já confirmados, serão inauguradas lojas no Rio de Janeiro, em Curitiba e em Brasília. 

Já em 2017, como prevê o cronograma do projeto, as scooters da Piaggio passam a ser montadas no Brasil. No momento, os investidores que estão trazendo a marca negociam terceirizar a produção em alguma fábrica do polo industrial de Manaus - a exemplo das também italianas Ducati e MV Agusta, montadas nas linhas da Dafra, na capital amazonense, a partir de conjuntos de componentes importados da Europa. 

Maior fabricante de veículos duas rodas da Europa, com vendas globais que no ano passado somaram 520 mil unidades, rendendo um faturamento de € 1,3 bilhão, a Piaggio era a única das grandes montadoras de motos que ainda não tinha presença no Brasil. 

Nos últimos sete anos, além de Ducati e Agusta, uma leva de investimentos trouxe ao país marcas como a britânica Triumph, a americana Indian e a BMW Motorrad, braço do grupo alemão BMW no setor de duas rodas. Até então, fãs da Vespa, a "mãe de todos os scooters", só conseguiam comprar essas motocicletas por meio de importadores independentes, sem vínculo com a matriz sediada em Pontedera, na região da Toscana. 

Autorizada a importar, distribuir, nomear concessionários e fabricar os produtos do grupo italiano, a Asset Beclly, companhia de investimentos comandada por empresários italianos, é quem está implementando o negócio, sem participação financeira da Piaggio. Caberá ao representante local tonar viáveis os investimentos. Sua intenção é atrair outros investidores para ter pelo menos dois sócios no projeto. "Estamos em negociações avançadas com dois grupos. Tudo está bem encaminhado para começarmos com importações diretas no quarto trimestre deste ano", diz Santo Magliacane, o sócio majoritário da Asset Beclly. 

Responsável por chefiar a Harley-Davidson entre 2010 e 2015 - em um momento em que a montadora americana ganhava musculatura no Brasil com a construção de uma fábrica maior em Manaus -, Longino Morawski foi o executivo escalado pelos investidores para comandar a operação.

A chegada da Piaggio se alinha à estratégia, inserida no plano global do grupo, de perseguir oportunidades na América Latina até 2017. A ideia é usar a base industrial no país, oitava do grupo no mundo, como plataforma de exportação a mercados vizinhos do Mercosul. 

Por estar numa categoria da indústria de motocicletas que tem resistido à crise, com produtos direcionados a um público de padrão aquisitivo alheio às dificuldades de acesso ao crédito, a Piaggio espera se dar bem mesmo diante do cenário recessivo que derrubou as vendas de motos no Brasil ao menor patamar em uma década. O momento de dificuldade econômica fortalece também seu poder de barganha na hora de negociar contratos de terceirização da produção com fábricas excessivamente ociosas de Manaus. 

Os investidores apostam ainda na recuperação econômica a partir do ano que vem, bem como na atração provocada pela nostalgia da marca para ter sucesso com scooters vendidos na Europa por valores que vão de € 3 mil a € 8 mil - os preços daqui ainda são segredo. Desde o início, haverá esforço em apresentar a Vespa como um produto intimamente ligado à moda. Uma versão especial com a assinatura da grife Armani está entre os modelos que chegarão ao país.

A montadora, porém, terá que explorar mais do que nichos de mercado. Sua meta é, num prazo de cinco anos, responder por 10% do consumo nacional de motos, algo que hoje significa um número ao redor de 100 mil unidades. É o suficiente para brigar com a Yamaha pela vice-liderança do ranking, onde a Honda, marca de sete em cada dez motos emplacadas no Brasil, tem posição hegemônica. 

A confiança vem da liderança na Europa, mercado em que a Piaggio responde por 15% das vendas, e do passado no Brasil. Na década de 80, em sua segunda incursão no país - na época, em uma sociedade com a Caloi -, as vespas da Piaggio chegaram a ameaçar a posição da Yamaha ao abocanharem 11% do mercado. A montadora, no entanto, não conseguiu sustentar o sucesso alcançado em meados dos anos 80 e acabou encerrando a produção nacional em 1990. "Se não tivesse saído do Brasil, a marca estaria hoje vendendo 200 mil unidades por ano", diz Magliacane, ao recorrer à história para dar a dimensão do potencial dos produtos que está trazendo ao país. 

 Fonte: Valor