Eles são cada vez mais visíveis na cidade, nos estacionamentos, nas escolas e shopping centers. Estamos vivendo a segunda onda de crescimento da categoria scooter, as motonetas, nascidas lá nos anos 40 do pós Guerra e que hoje se tornaram uma alternativa como meio de transporte individual.
A principal característica dos scooters modernos é a praticidade do câmbio automático por polia variável. Não vale a pena entrar em detalhes técnicos, mas nos scooters basta acelerar e frear. Foi essa solução que deu o maior impulso ao tipo de motoneta, porque na época dos câmbios seletivos a marcha era trocada na mão esquerda, junto com a embreagem e o freio traseiro era um pedal no piso, que nem nos automóveis. Sem o desconforto (e fragilidade) do câmbio manual, os freios passaram para as duas mãos, exatamente como nas bicicletas o que criou uma associação imediata entre os dois veículos de duas rodas.
Soma-se a isso o fato de os scooters ganharem popularidade na Europa e Ásia porque as cidades pequenas exigem deslocamentos menores, servindo como uma luva para os pequenos "rollers" como são chamados em alguns países. Na Europa é comum ver distintas senhoras executivas, vestidas de tailleur, chegando ao trabalho com suas pequenas motonetas. E ainda protegem a roupa com uma capa e levam o sapato social sob o banco.
As vantagens defendidas por usuários de scooters não param aí:
- Aparência: boa parte dos donos de scooter alegam que querem um veículo leve, fácil de pilotar, mas que não os deixem parecidos com motoboys. De fato, é visível a forma diferenciada que motoristas e porteiros tratam quem chega de scooter. Somos mais bem recebidos! Além disso, como contam com escudo frontal, não deixam a roupa suja nem cheirando a poluição.
- Economia: hoje que os motores quatro tempos dominam a cena, os scooters ficaram muito mais econômicos do ponto de vista de consumo de gasolina. Porém a manutenção e mão de obra são mais caras se comparadas com motos da mesma categoria.
- Praticidade: o câmbio automático é a grande maravilha, porque não exige aquele "feeling" para trocar de marcha e nem detona com os calçados como os pedais de câmbio das motos "normais".
Só que não são só de vantagens que vivem os scooters, eles também tem o lado B. Alguns dos pontos negativos são:
- Instabilidade: não é novidade que um corpo circular tende a ser mais estável quanto maior for o perímetro. Logo, quando maior o diâmetro da roda mais estável é um veículo de duas rodas. Os scooters pequenos (na faixa de 125 a 150 cc) usam rodas de 10 a 12 polegadas. São pequenas e sensíveis aos buracos. A Honda usa um detalhe curioso no Lead 110 que são as rodas assimétricas: na frente usa aro 12 polegadas para melhorar a estabilidade e na traseira usa 10 polegadas para aumentar a capacidade do porta-objetos sob o banco. É uma solução que tenta acertar o compromisso entre estabilidade e carga. Nos scooters maiores (de 250 a 650cc) as rodas variam de 14 a 16 polegadas, melhorando muito a estabilidade.
- Limitação na estrada: é óbvio que scooters de até 150cc não foram concebidos para estradas e só mesmo aqui no Brasil que insistem em seu uso estradeiro. Felizmente o mercado já chegou nos produtos acima de 250cc que conseguem um bom compromisso entre uso urbano e estradeiro. Não aconselho ir para estrada com um scooter abaixo de 250cc.
- Dimensão: se por um lado as dimensões compactas são ótimas pra driblar o trânsito, tornam os scooters menos visíveis pelos motoristas. Farol e lanterna ficam perto do solo e o piloto deve usar adesivo reflexivo no capacete e até nas roupas para aumentar a visibilidade, sobretudo à noite.
- Manutenção: é notório que scooters são mais frágeis que motocicletas da mesma categoria. Aliás, pouca gente sabe, mas em seus países de origem os scooters pequenos são praticamente descartáveis. Quase não se vê o mercado de usados. Como os nossos são bem mais caros, precisam durar mais. Mas saiba que o preço das peças e mão de obra são maiores do que os das motos.
Como fica a pilotagem?
Infelizmente vivemos uma realidade que coloca os scooters na mesma categoria de habilitação das motos, o que é uma total falta de sensatez. São veículos diferentes e exigem treinamentos diferentes. Só o fato de não ter câmbio seletivo já muda tudo!
Mas... vivemos em uma realidade que desconsidera os quase 50.000 veículos vendidos anualmente.
Por não ter tanque de gasolina entre as pernas, ser pilotado sentado e não montado, o scooter exige que o usuário trabalhe mais com as mãos do que com o corpo. Nem pense em inclinar um scooter na curva como se estivesse em uma superesportiva! Eles são baixos e com pequena distância do solo, por isso raspam facilmente no asfalto. Se inclinar demais pode fazer uma alavanca e tirar as rodas do chão!
A frenagem também é diferente. Como a divisão de massa é mais concentrada no eixo traseiro, os scooters exigem mais força no freio traseiro. Se a divisão média nas motos é de 70% de uso do freio dianteiro e 30% do traseiro, no scooter essa divisão é 50% em cada freio. Mas em baixa velocidade pode-se usar e abusar mais do freio traseiro porque a roda dificilmente irá travar.
E fique 100% concentrado no piso. Acertar um buraco com um scooter com rodas de 10 polegadas é um desastre que pode custar uma roda nova. Como o curso da suspensão é pequeno, o impacto sobre a roda é enorme. Lembro de ter trocado três rodas traseiras do meu primeiro scooter só por causa de buracos. Portanto, fique esperto e curta a motoquinha que é pura diversão!
Geraldo Tite Simões
Fonte : Revista Webmotors
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